Perfura-me
Não sei o que, mas vai perfurando
Meus medos, minha angústia, meu pensar
Perfurando como se fosse uma pequena agulha
No palheiro que não consigo encontrar
Perfura-me silenciosamente, a loucura
o silêncio dos meus movimentos vazios
e assim vou seguindo à mesura
esperando que se acenda o pavio
Escuto, calada, o barulho desta noite
que não me acalma com o cair da chuva fina
Apenas perfura-me sem nada indagar...
E tudo não passa de um mero açoite!
Desta cruel sensibilidade da rotina
Que espera o sentido de tudo se queimar!
Rangele Guimarães
Um comentário:
A espera, que leva à loucura dos movimentos vazios.
Nos faz escutar, calados, o orvalhar das noites perfurantes.
E a rotina, que tudo açoita em um cruel desvario carburante.
Leva sempre a sensibilidade ao desafio.
( adorei o poema, parabéns à poeta e quem postou.)
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